A PINTURA DE MONTEZ MAGNO
Com o rigor e a paciência de quem conhece o drama da pintura e as virtudes da geometria, Montez Magno organiza engenhosamente o espaço da tela com um repertório selecionado de formas, cores e linhas, obedecendo a uma disciplina nos limites entre a objetividade e a poética. A pintura renasce na fantasia construtiva como uma forma de pensamento reservado e singular, depois que a contemplação do artista repousa sobre grades e tramas com seus desenhos simples e discretos ou os abismos da imaginação. Mondrian, Malévitch, Morandi ou Albers na memória e uma vontade de pintar que busca no suporte temático, o motivo necessário para uma pintura que se realiza primeiramente como pintura, surpreendendo a contemporaneidade. Montez inventa superfícies abstratas que superam as referências localizadas fora do universo da arte.
A PINTURA DE EDSON CALMON
"A pintura surgiu dentro de um contexto cultural e da relação particular do pintor com a tinta e a técnica de pintar. Sobre estes cenários noturnos pintados pela intuição e pela lógica de Edson Calmon, nada podemos falar para esclarecer seus verdadeiros problemas, a não ser divagar e inventar estórias transparentes que tangenciam a autonomia da obra ou dizem respeito às nossas dúvidas e indagações, que nem sempre correspondem às do artista. Entre luas e sombras, o pintor ao mergulhar na sedução da noite elaborou na tela uma realidade de figuras, linhas, cores e sombras, que tem um valor próprio. Estes espetáculos pictóricos convidam o espectador a viver momentos de alegria. O artista a partir de um domínio técnico e artesanal, faz com que os signos que encantam a noite, cantem e iluminem o universo escuro da tela, revelando um lugar de luzes e beleza. São paisagens geometrizadas e destinadas ao passeio de contemplação, tranqüilas que nem mesmo uma tempestade instantânea perturbaria um céu bem humorado, que oscila entre figura e fundo".
EXPOSIÇÃ0 REVOLVER
“...a pintura não foi feita para decorar apartamentos. É uma arma de guerra para o ataque e defesa contra o inimigo.”
Picasso
O revolver é objeto simbólico da exposição. Na mira do artista, a arma é uma experiência lúdica e racional que desperta interrogações, o motivo para mergulhar artista e espectador numa experiência de liberdade, autonomia e possibilidades para questionar um fragmento da realidade. A arte é a imagem de si mesma, um lugar onde as transgressões são permitidas e o desejo ultrapassa limites, um dispositivo que altera a ordem das coisas e da linguagem para colocar o espectador diante de um saber. A essência está na própria arte, na desconstrução da linguagem convencional, nesse caso, direcionada para outra perspectiva, o desejo de paz. A exposição na opção estética de cada artista, propõe a construção de um outro discurso soberano e livre que inventa outros códigos. Não se reproduz o cotidiano bélico, é um espaço de rupturas, de invenção de um outro discurso sobre o objeto/arma a favor da vida.