As esculturas de Sérvulo Esmeraldo atraem sorrateiramente o olhar para um confronto entre a objetividade do visível da obra e um equilíbrio essencialmente subjetivo, enigmático. O inconsciente moderno se encarrega dos investimentos culturais destinados à sua apreensão e experimentação. Apesar da precisão quase matemática, a sensação e o devaneio não escapam, estão presentes, condensados na singularidade dos sólidos inspirados por um ideal (problemático) de perfeição e apropriação da luminosidade. Surgem para o olhar, soltas, emancipadas, mas foram inventadas fazendo parte de um sistema, de uma história. É preciso circular em torno delas para perceber suas sutilezas específicas.

 O artista trabalha a partir de poucas variações formais, mas intimamente entrosado com o fazer da arte, não só os materiais e a técnica utilizados como também os dados da história. Luz e espaço se articulam como resultado de uma experiência de trabalho, cada escultura é uma soma de volume e luz. Um silêncio estilizado e denso, resistente às falas e definições.

 Por trás desse equilíbrio quase imperturbável, existe um processo de saber obcecado em inventar, com os mais simples sólidos do universo da geometria, objetos/monumentos de arte que, além de conviver harmonicamente com a luz e a sombra, acentuam a paixão por uma espécie de “belo clássico”, livre de inquietações, um belo puro e destilado, próximo ao êxtase da perfeição. Momentos de humor.