O renomado artista plástico goiano Siron Franco acusa seu irmão, Darci Franco, de furto, falsificação e venda de três obras.

 

 

As peças que teriam sido falsificadas --uma pintura com a reprodução de uma madona, feita no final dos anos 80, e duas gravuras (a cabeça de uma mulher egípcia e uma cena de uma cobra sucuri comendo uma anta)-- foram compradas em maio do ano passado pela ex-procuradora da República Nilma Maria Naves.

 

Ela pagou R$ 5.000 pela pintura e R$ 1.500 por cada gravura. Segundo Siron, se as obras fossem verdadeiras, os valores seriam bem maiores. Só a madona custaria aproximadamente US$ 15 mil.

 

Hoje aposentada, Nilma Maria coleciona quadros de artistas brasileiros. Diz não ser uma "entendida", mas que ficou muito surpresa quando Siron telefonou contando de sua suspeita. "Nunca imaginei que poderia ser vítima de uma falsificação", diz ela.

 

O artista goiano soube que Nilma Maria havia adquirido as obras quando foi a uma consulta odontológica de rotina. Mariana, sua dentista há vários anos, é filha da aposentada.

 

Siron pediu para ver as obras e atestou a falsificação --apesar da assinatura ser quase perfeita, segundo sua avaliação.

 

Nilma Maria conta que Darci foi apresentado por um amigo em comum, que já lhe teria indicado outras obras de arte.

 

"Devolvi as obras ao Siron, que as levou à polícia. É uma pena, porque, mesmo sendo falsas, ficavam bem na parede da minha casa", afirma Nilma Maria.

 

O delegado Gerônimo Borges, que investiga o caso, diz que a perícia aguarda uma reunião com Siron para determinar se as obras são falsas ou não.

 

Ele também apura a denúncia do furto de 25 pinturas sobre papel e de outras 20 peças de cerâmica do ateliê do artista. "São denúncias graves, mas as investigações ainda não foram concluídas", afirma o delegado.

 

Siron Franco diz que seu irmão Darci já havia furtado, anos atrás, um quadro que ele havia presenteado a uma de suas irmãs. "Eu aturava esses atos como uma molecagem. Mas falsificação já é demais", reclama o artista.

 

Outro lado

 

Darci Franco rebate as acusações. "Ele (Siron) está é louco, está precisando ser internado", afirma o irmão. Dizendo trabalhar como revendedor de obras de arte em Goiânia há mais de dez anos, Darci crê que as denúncias foram motivadas por uma "briga pessoal".

 

"Eu comprei essas obras de um rapaz lá de Brasília, que olhou e analisou cada peça. Então, elas devem ser autênticas", afirma. "Além do mais, a assinatura é do Siron. Só se tiver alguém pintando e ele assinando."

 

Siron Franco é um dos nomes de destaque da arte contemporânea brasileira. Recentemente, foi selecionado para a 8ª Bienal Internacional de Havana, marcada para novembro. Vai mostrar aos cubanos a instalação "Intolerância", que já exibiu em São Paulo e no Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no início do ano.

 

FABIO SCHIVARTCHE

da Folha de S.Paulo