São Paulo - A Semana Santa vai ser comemorada com redobrada alegria no Museu de Arte de São Paulo Assis Chateaubriand (Masp). anos o museu não recebia um presente como a obra-prima do mestre flamengo Jan van Dornicke (c.1470 - c.1527), A Crucificação de Cristo, que um generoso colecionador paulista decidiu doar à instituição. O Estado descobriu ser o doador - que prefere permanecer anônimo - o mesmo empresário que presenteou o Masp há dois anos com duas esculturas chinesas da Dinastia Tang (618 a 907 da era cristã). Com a doação do óleo sobre madeira de Van Dornicke, o museu incorpora ao acervo um presente avaliado em US$ 1 milhão.

 

Para comemorar, o Masp abre, no dia 12 de abril, uma exposição de mestres contemporâneos de Van Dornicke, A Crucificação de Cristo e o Renascimento Nórdico, organizada pelo professor de História da Arte da Unicamp Luiz Marques, curador-chefe do Masp entre 1995 e 1997. São 12 obras-primas de mestres como Bosch, Hans Memling, Quentin Metsys e Abrecht Dürer, todos da coleção do museu. Do último será exibida a gravura A Traição de Cristo (1508), doada há dois anos pela família do diplomata Lauro Eduardo Soutello Alves junto a outras 25 gravuras dos séculos 16 e 17.

 

A gravura de Dürer foi também um grande presente, mas, em 56 anos de história, o Masp não conseguiu apresentar ao público uma obra expressiva da arte flamenga. Mesmo o belo óleo sobre madeira de Hans Memling de seu acervo é um fragmento, possivelmente a parte direita de um díptico desmembrado sobre a lamentação da Virgem Maria. Certo, existe o Bosch de As Tentações de Santo Antão, pintado provavelmente no ano em que o Brasil foi descoberto, mas é apenas uma das 16 réplicas espalhadas pelo mundo. Já o óleo de Jan van Dornicke é um tríptico original em sua mais perfeita forma, proveniente da tradicional Colnaghi Gallery de Londres.

 

Antonio Gonçalves Filho