São Paulo - Uma exposição de desenhos de Carlos Vergara vai inaugurar hoje à noite o novo espaço da Galeria de Arte Mônica Filgueiras, agora instalada na Rua Bela Cintra. A mostra, composta por trabalhos sobre papel realizados nos últimos quatro anos, tem como destaque uma série de obras que o artista criou recentemente, enquanto estava hospitalizado em Brasília, recuperando-se de uma cirurgia no joelho. No hospital foi criado um ateliê para o artista.

 

"O desenho tem um caráter mais relaxado do que a pintura. É um pequeno delírio gráfico ou uma pequena anotação que vai se revelando e isso pode ser aproveitado e se tornar um trabalho. É também algo mais íntimo e o fato de ser um gesto mais espontâneo, de ser sem-cerimônia, é interessante", disse Vergara durante uma conversa informal realizada na galeria com o crítico carioca Luis Camilo Osório, Mônica Filgueiras e o artista José Rezende. O bate-papo, contado em texto por Osório, aconteceu durante a preparação da exposição, quando os trabalhos ainda estavam sendo escolhidos.

 

No conjunto de 18 trabalhos, as figuras constantes são as mãos e joelhos - o artista retoma a figuração, "totalmente referenciada no corpo humano", como define o crítico carioca. Algumas das obras aparecem gráficas, feitas somente por meio de traços, outras, realçadas com texturas granuladas. Num trabalho mais diferente, Vergara fez uma colagem: as mãos aparecem feitas com pedaços de papéis e, abaixo delas, há faixas de gaze hospitalar que formam números.

 

As obras mais antigas são menos gráficas e com cores que preenchem os espaços do papel. Nelas, áreas em azuis, marrons, vermelhos e amarelos surgem em meio a texturas terrosas como se as formas se apresentassem orgânicas, pigmentadas. Fica mais evidente essa fronteira entre o desenho e a pintura.

 

Carlos Vergara - Galeria de Arte Mônica Filgueiras. Rua Bela Cintra, 1.533, Cerqueira César, 3082-5292. Das 11 às 19 horas (sábado até as 15 horas). Grátis. Até 9/10. Abertura hoje, às 19 horas.

 

Camila Molina