Rio de Janeiro - Foi inaugurada hoje a mostra Artes Tradicionais Portuguesas, promovida pela Fundação Calouste Gulbenkian no Museu Histórico Nacional, com acervo próprio e de outras instituições, do trabalho artesanal produzido nas diversas províncias da Terrinha. Para a abertura, eram esperados o primeiro-ministro português, Pedro Santana Lopes, a ministra da Cultura de Portugal, Maria João Bustorff Silva, e o nosso ministro da mesma pasta, Gilberto Gil.
Para Gil, essa visita tem sabor de vitória. Ele inaugura a nova ala do MHN, obra de R$ 2 milhões, vindos do Fundo Nacional de Cultura. As novas instalações vão servir de entrada para os salões de exposição, espaços para atendimento ao público e serviços internos. "A maior parte não é visível, mas só com elas podemos continuar a revitalização do Museu", comemora sua diretora, Vera Tostes. "Agora, conseguimos R$ 1,8 milhão da Caixa Econômica Federal, pela Lei Rouanet, para a segunda etapa."
A mostra reúne 220 peças de tecido e ourivesaria usadas cotidianamente pelos portugueses no norte do País. As obras impressionam pela beleza e apuro técnico com que são feitos. Cada desenho tem um significado e, segundo a curadora da mostra, Maria Helena Mendes Pinto, o esmero é questão de honra. "Antigamente, as meninas aprendiam para se tornarem boas esposas. Hoje, as mulheres trabalham fora, mas as meninas ainda aprendem esses trabalhos manuais", conta ela. "Já a ourivesaria é uma tradição secular, com o ouro que tínhamos lá e o que veio depois do Brasil."
No entanto, só na segunda metade do século passado esse trabalho ganhou status de arte. Coincidiu com a criação da Fundação Calouste Gulbenkian, pelo capitalista que lhe dá o nome. "Era um comerciante vindo da Ásia Menor, que sofreu perseguições entre as duas guerras mundiais e durante a Segunda", diz Maria Helena. "Como encontrou abrigo em Portugal, deixou toda sua fortuna para a fundação que hoje preserva a cultura e as artes de nosso país."
A exposição Artes Tradicionais Portuguesas fica no Rio até o início do ano que vem e depois deve viajar pelo Brasil. Nesse período, outros eventos sobre Portugal ocorrem no Rio. Amanhã, a Biblioteca Nacional abre a mostra Outros Quinhentos: Impressos Populares Portugueses do Século 16 e o Museu Militar Conde de Linhares, em São Cristóvão, na zona norte, terá a exposição A Defesa do Rio de Janeiro, Sede do Império Português. Nos Museus de Arte Moderna e da República e na Casa de Laura Alvin haverá mostras de cinema português e a música lusa atual será o som da festa que a Fundição Progresso promove no sábado.
Beatriz Coelho Silva