Com vendas na casa dos R$ 30 milhões, diretora do evento diz que não há crise no mercado de arte do País
SÃO PAULO - Pelos cálculos, fechados até esta quinta, 6, o volume total de vendas de obras na 6.ª SP-Arte - Feira Internacional de Arte de São Paulo, que ocorreu até domingo no Pavilhão da Bienal, no Parque do Ibirapuera, ficou entre R$ 30 milhões e R$ 32 milhões. "É um balanço pendente", como diz a diretora do evento, Fernanda Feitosa, porque, segundo ela, há negociações de obras ainda correndo, um movimento corriqueiro pela natureza de feiras. De qualquer maneira, como Fernanda estima, o balanço de 2010 revela aumento de cerca de 15% em se comparando com a edição passada da SP-Arte, de 2009, que teve cerca de R$ 26 milhões (ou US$ 15 milhões) de vendas. Não existe mesmo crise nenhuma no mercado de arte brasileiro.
No mesmo fim de semana em que ocorreu a feira na Bienal, com participação de 80 galerias, nacionais e estrangeiras e visitada por 15.795 pessoas, a Bolsa de Arte do Rio de Janeiro realizou em São Paulo dois leilões, um de arte moderna e outro de arte contemporânea, design e fotografia. Como conta Jones Bergamin, diretor da Bolsa de Arte, cada leilão rendeu em torno de R$ 2 milhões de vendas - o grande destaque foi This Is a Canvas, This Is a Box, acrílica sobre tela de 1996 de Cildo Meireles, arrematada por R$ 400 mil.
Cálculos. "É um momento financeiro muito bom, graças a Deus!", festeja Alessandra d’Aloia, presidente da Associação Brasileira de Arte Contemporânea (Abac), que agrega 20 galerias de 5 Estados e sócia da Galeria Fortes Vilaça, uma das mais importantes de São Paulo. Segundo cálculos da Abac, entidade criada em 2008, houve aumento de 30% de venda de obras de seus associados nesta 6.ª SP-Arte. "É um estrondo", define Alessandra. Pela primeira vez a Abac se dedicou a fazer um balanço de volumes vendidos.
Mas fazer cálculos de feiras é sempre complicado, ainda mais porque se misturam os chamados mercados primários e secundários no mesmo evento. No caso da SP-Arte, que reuniu cerca de 2.500 obras - e também promoveu cerca de R$ 190 mil em doações do Shopping Iguatemi, Banco Espírito Santo e da colecionadora Cleuza Garfinkel para aquisições destinados aos acervos da Pinacoteca do Estado, Museus de Arte Moderna de São Paulo e da Bahia -, há uma especificidade: ela é uma feira na qual colecionadores não arrematam peças de valores milionários ou mais caros. "Pode-se dizer que trabalhos de até US$ 50 mil se vendem bem", conclui Alessandra, exemplificando que foi A Coluna de Cinzas, de Nuno Ramos, vendida a US$ 90 mil, a peça de valor mais alto vendida no estande da Galeria Fortes Vilaça, que tem ainda em seu time nomes como Adriana Varejão, Beatriz Milhazes e Ernesto Neto.
Max Perlingeiro, diretor da Pinakotheke Cultural, afirma que Figura em Azul, pintura moderna de cifra milionária de Ismael Nery e datada de 1928, considerada uma das mais caras desta 6.ª edição da SP-Arte, ainda está em negociação. "As obras de menor valor são vendidas, as de mais valor, demandam negociação", diz Perlingeiro. A escultura em bronze de 1945 de Maria Martins exibida no estande da Arte 57, que também seria um destaque do evento, cotada a R$ 1,5 milhão, saiu sem comprador. "Acredito que haja mais folclore do que realidade quando se fala de uma efervescência do mercado. Colecionadores interessados em coisas excepcionais estão negociando muito. A euforia existe para arte contemporânea de valor palpável", pondera Max Perlingeiro.
Números:
A Feira Internacional de Arte de São Paulo revela alguns dados
32 milhões de reais - foi o volume estimado de vendas na edição deste ano
15% de aumento de faturamento em relação a 2009, que movimentou R$ 26 milhões
190 mil reais foi o valor aproximado de doações para instituições de São Paulo e Bahia
15.795 visitantes em cinco dias de feira, 20% a mais que em 2009