TARGU JIU, România (Reuters) - Em 1904, um jovem carpinteiro, pedreiro e flautista deixou uma cidadezinha do interior da Romênia para tentar a sorte em Paris, onde se tornou um dos maiores escultores do século 20.

 

Trinta anos depois, Constantin Brancusi voltou a Targu Jiu para criar as únicas esculturas monumentais de sua carreira como um tributo aos heróis de sua terra natal derrotados na Segunda Guerra Mundial.

 

Mas as obras instaladas no parque às margens do rio da cidade, consideradas um dos mais preciosos tesouros da arte mundial, agora estão quebradas ou cobertas por plásticos, depois que o governo comunista da Romênia fracassou em sua tentativa de restaurá-las.

 

Por mais de um ano, as peças de pedra que foram desmanteladas e o monumental "Portão do Beijo" está coberto com plástico e andaimes, enquanto as autoridades tentam resolver uma disputa com uma companhia local que assumiu as obras de restauração, mas nunca chegou a realizar o projeto.

 

"Espero que a restauração seja concluída em breve e que as esculturas assumam seu verdadeiro lugar em nosso país", disse o vice-ministro da Cultura, Ioan Opris, em entrevista à Reuters. "Elas são únicas. Brancusi não fez nenhuma outra obra ao ar livre."

 

PATRIMÔNIO ARTÍSTICO

 

O rio Jiu flui através de um parque verdejante, onde o visitante pode atravessar o "Portão do Beijo", passando pelo "Corredor das Cadeiras" e chegando à "Mesa do Silêncio" --uma mesa redonda com 12 banquinhos.

 

Mas nenhuma das banquetas está no local. Elas foram removidas em maio de 2002 para limpeza e reparos, segundo autoridades.

 

"A restauração deveria ter ficado pronta em agosto de 2002", disse Constantin Cretan, porta-voz da Prefeitura de Targu Jiu. "Mas houve problemas porque a empresa não tinha especialistas para executar o projeto."

 

A restauração de 100 mil dólares, parcialmente financiada pelo Banco Mundial, foi entregue agora nas mãos de uma empresa italiana, que deverá terminar as obras no final deste ano, afirmou Ioan Opris.

 

O parque de esculturas ficou abandonado durante as décadas do comunismo, cujo regime considerava Brancusi "um representante da arte decadente" e o declarou persona non grata. O governo tentou sem sucesso derrubar uma escultura do parque conhecida como "Endless Column", que simboliza a resistência e a perseverança romena dos anos 1950.

 

Brancusi doou o complexo de Targu Jiu --considerado pela Unesco como um dos 100 sítios artísticos ameaçados mais importantes o mundo-- para a Romênia em 1937, mas nunca chegou a completar seus planos de um parque repleto de esculturas, depois que foi banido do país pelos ditadores comunistas. Ele morreu em Paris em 1957.

 

Por Dina Kyriakidou