Rio de Janeiro - Um livro e quatro exposições abertas na semana passada lembram a Missão Francesa no Brasil, quando os franceses nos ensinaram a ver nosso País. Os museus Nacional de Belas Artes, Castro Maya, a Casa França-Brasil e o Solar Granjean de Montgny mostram obras de Jean-Baptiste Debret, Nicolas Taunay, Joachin Lebreton, Charles Pradier e outros artistas que d. João VI trouxe para o Brasil em 1816 para fundar nossa primeira academia de arte. Eles ficaram aqui pouco mais de uma década, mas a sua herança perdura na imagem que temos de nosso período colonial, calcada nos desenhos de Debret, e da opulência da natureza, que tem paralelo nos quadros de Taunay.
“Eles nos mostraram ao mundo e a nós mesmos. Trouxeram a clareza do pensamento francês para nossa luminosidade”, ensina o diretor da Casa França-Brasil, Marcos Azambuja, ex-embaixador em Paris. Ele sugeriu as mostras ao prefaciar o livro A Missão Francesa da Editora Sextante. “A idéia é arejar esse acervo e lembrar como se fundou nossa identidade, a partir do trabalho desses artistas. Eles tinham os ideais da Revolução Francesa e estavam em desgraça com a derrota de Napoleão Bonaparte.”
O Museu Nacional de Belas Artes, fundado pela Missão como parte da Academia Imperial de Belas Artes, vai mostrar as obras desses artistas e as que eles trouxeram para o Brasil, acervo inicial da instituição. “Temos Taunay, Debret, Ferrez e os desenhos originais do arquiteto Grandjean de Montigny”, enumera o diretor do museu, Paulo Herkenhoff. “Eles trouxeram o neoclassicismo para o Brasil, no momento em que o barroco já se esgotara.” A Casa França-Brasil, cujo projeto é de Grandjean Montigny, vai exibir parte do acervo do Museu Dom João VI, que fica na Escola de Belas Artes da Universidade Federal do Rio de Janeiro. “O prédio da Casa é parte do acervo. É uma das duas obras de Grandjean de Montigny que resistem pouco alteradas,” lembra Vladimir Machado, curador desta mostra.
O Solar Grandjean de Montigny, dentro da Pontifícia Universidade Católica do Rio é a outra obra do arquiteto, o primeiro a pensar no Rio em termos de urbanismo. “Vamos fazer visitas guiadas, mostrando como ele aplicou suas idéias na prática”, adianta a diretora da instituição, Piedade Grinberg. Já a Chácara do Céu vai mostrar, além das aquarelas de Debret, obras de outros artistas da missão de acervo. “Castro Maya, cuja coleção deu origem a este museu, apreciava temas brasileiros e, por isso, temos alguns quadros importantes desse período”, explica a diretora, Vela Alencar. Além das exposições, até 10 de junho haverá palestras, no MNBA, sobre a Missão Francesa e sua herança na cultura e nas artes brasileiras.
Beatriz Coelho Silva