Joergen Nash nunca explicou por que teria atacado a estátua em homenagem ao mestre da literatura infantil Hans Christian Andersen

 

Copenhague - Joergen Nash, artista dinamarquês que dizia ter decapitado a estátua da Pequena Sereia em Copenhague, morreu ontem aos 84 anos. A família não informou a causa de sua morte. A "intervenção" na estátua de bronze, inaugurada em 1913 em homenagem ao mestre da literatura infantil Hans Christian Andersen, aconteceu em 24 de abril de 1963, e Nash nunca explicou o porquê.

 

Auto-proclamado "assassino da sereia", Nash contou à época ter agido durante a noite, armado com um serrote. A imprensa dinamarquesa chegou a atribuir a decapitação a outro artista, Henrik Bruun, em suposto protesto contra o establishment da arte. Ninguém chegou a ser preso, mas, desde então, a estátua da sereia sofreu com os mais variados atentados. Foi alvo de pichações, explosões, amputações e, em 98, teve mais uma vez sua cabeça arrancada. A estátua representa a sereia filha de um mítico deus dos mares que se apaixona por um príncipe e precisa esperar 300 anos para se tornar humana, de acordo com o conto de Andersen.

 

Para além da polêmica da depradação, Nash teve suas pinturas expostas em muitos países. Nascido Joergen Joergensen, dizia ter mudado seu nome para distanciar sua carreira da do irmão Asger Jorn, fundador do grupo Cobra, que reuniu vanguardas de Copenhague, Bruxelas e Amsterdã - daí o acrônimo. Nash era membro desde 1963 da Academia Real Dinamarquesa e tinha no currículo 42 livros lançados. Era casado com a pintora Lis Zwick, sua terceira mulher. Deixa 6 filhos e 14 netos.

 

AE-AP