Uma exposição em Londres retrata o escultor Henry Moore como radical que explorou um mundo sombrio de sexo, guerra e morte, contestando sua imagem moderna de criador de figuras gentis que enfeitam espaços públicos ao ar livre em todo o mundo.

 

A galeria londrina Tate Britain reuniu mais de 150 das esculturas e pinturas do artista para criar a mostra, descrita como a maior exposição da obra de Moore em uma geração.

 

Desde desenhos claustrofóbicos de figuras esqueletais se escondendo de ataques aéreos até máscaras primitivas de pedra e imensas figuras femininas eróticas de madeira, a exposição acompanha mais de 40 anos do trabalho de Moore.

O cocurador Chris Stephens disse que espera mostrar um retrato mais sombrio e complexo de Henry Moore e reafirmar a posição deste de um dos maiores escultores dos tempos modernos, após um período de ambivalência crítica.

 

"O lado crítico, escuro e erótico do trabalho dele foi esquecido", disse Stephens à Reuters. "Não é possível apreciar seu trabalho plenamente sem compreender o contexto das duas guerras mundiais, do Holocausto e assim por diante."

 

A exposição pretende mostrar que Moore não se limitou às figuras reclinadas de grandes dimensões e cenas familiares aconchegantes que estão espalhadas por praças públicas e parques de esculturas de Dallas a Berlim.

 

Nascido em 1898, Moore era filho de um mineiro de carvão do norte da Inglaterra. Sétimo de oito filhos, ele cresceu durante a turbulência na Europa que levou a duas guerras mundiais, a corrida armamentista nuclear e a Guerra Fria.

 

Depois de entrar para o exército, em 1917, Moore se viu no meio de um ataque alemão com gás mostrarda nas trincheiras do front na França. Ele foi um dos apenas 52 sobreviventes de seu regimento de 400 homens e passou dois meses no hospital.

 

"Sua arte nasceu daquele momento de crise e ansiedade que caracterizou a metade do século 20", disse Stephens.

 

Henry Moore combinou aspectos da escultura grega e romana tradicional com os desenhos ousados e primitivos da arte das culturas asteca, maia e africana, buscando sentido em formas orgânicas, mais que em representações exatas.