São Paulo - Emanoel Araújo será o secretário municipal de Cultura na administração de José Serra na Prefeitura de São Paulo. O anúncio foi feito hoje e surpreendeu positivamente o meio cultural.
O artista plástico de 64 anos foi diretor da Pinacoteca do Estado por seis anos, a partir de 1992, e marcou sua passagem com uma programação elaborada para o museu aliada à reforma recém-concluída do edifício, o que inseriu a Pinacoteca no circuito obrigatório de arte da cidade.
O prédio foi construído de 1897 a 1900 por Ramos de Azevedo e reformado pelo arquiteto Paulo Mendes da Rocha, que incorporou à estrutura original elementos e traços da arquitetura moderna, o que lhe rendeu o II Prêmio Mies van der Rohe de Arquitetura latino-americana em 2000.
Emanoel foi o responsável pelo grande momento desta nova Pinacoteca, em 1995, com a exposição das esculturas de Auguste Rodin (1840-1917), que levou um recorde de 150 mil visitantes em 38 dias, além de comprar obras e climatizar o acervo.
Deixou o cargo após sofrer um enfarte, aos 60 anos. Gravador e escultor, ele nasceu na Bahia, na mesma cidade em que nasceram Caetano Veloso e sua irmã Maria Bethânia, Santo Amaro da Purificação. Descendente de três gerações de ourives, aprendeu marcenaria quando criança, depois começou a trabalhar nos linotipos e na composição gráfica da Imprensa Oficial do Estado da sua cidade. Mudou-se para Salvador para estudar arquitetura, mas acabou trocando-a pelo estudo das belas artes, seduzido pelo seu professor de gravura Henrique Oswald, na Escola Federal da Bahia. Como artista, ele tem uma longa lista de exposições e prêmios e contou à repórter Vera Magyar, em uma entrevista ao Jornal da Tarde de 1987, que sua passagem da gravura para a escultura ocorreu dez anos antes, quando visitou países africanos e se identificou com a estética da arte africana.
Recentemente ele foi o responsável pela instalação do Museu Afro Brasil, no Parque do Ibirapuera, e doou a maior parte das obras que estão lá em comodato.
Leia as opiniões sobre sua indicação:
Lulu Librandi, produtora - “É um artista. Nós já temos dois exemplos de artistas que não deram muito certo: Gil e Frateschi. Artista tem de fazer arte. Ele é um fazedor de museus, mas eu pergunto: será que ele transita pelos outros setores da cultura?”
Ricardo Ohtake, diretor do Instituto Tomie Ohtake - “O Emanoel já demonstrou inúmeras vezes a sua competência para ser um dirigente cultural. Na época em que ele era diretor da Pinacoteca e eu secretário de Estado da Cultura (1993-1994), Emanoel mostrou que tudo resolvia sem dificuldades. A cidade vai usufruir do talento dele.”
Agnaldo Farias, professor da USP e curador - “Gosto muito do Celso Frateschi e agora São Paulo troca um excelente secretário de Cultura por outro. Ele criou um museu, é um artista, e sempre teve um compromisso social e respeito. É um acerto total.”
Marcelo Ferraz, arquiteto - “É o homem certo no lugar certo. O Emanoel tem sensibilidade, por isso ninguém melhor para tocar a área cultural.”
Tadeu Chiarelli, professor da USP, crítico e curador - “O Emanoel é uma pessoa que já demonstrou a qualidade de alguém que administra e que reflete sobre o que faz e tem posicionamento. Essa escolha pode trazer dados novos. É estimulante.”
Teresa Ribeiro e AE - O Estado de São Paulo