Roma, 1 fev (EFE).- Aqueles que quiserem entrar na casa romana do imperador Nero, a "Domus Aurea", que está em obras um ano e que agora foi "aberta para restauração", terão que proteger a cabeça com um capacete, como comprovou a EFE em uma visita guiada.

 

De fato e embora em princípio os comunicados de imprensa falassem da reabertura da "Domus Aurea", a Superintendência Arqueológica de Roma disse hoje que o que realmente está aberto para o público são as obras de restauração.

 

A idéia busca remover o cartaz de "fechado para obras", colocado em dezembro de 2005 por causa de risco de desmoronamento, após um outono muito chuvoso e por falta de trabalhos de manutenção.

 

No entanto, a situação de deterioração que atingia a "Domus Aurea" obrigou a diminuir o número de visitantes em um terço em pouco mais de um ano. Porém, a Sala Octogonal, a maior do resto da impressionante residência imperial, não faz parte do itinerário.

 

Porém, a visita tem seus atrativos, já que um especialista guiará o público pelos percursos, entre andaimes, introduzindo os visitantes aos mistérios da "Domus Aurea" e da arqueologia.

 

Por um pequeno preço, ? 4,5, os curiosos poderão ver o trabalho dos arqueólogos de perto e observar como limpam, por exemplo, os afrescos da Abóbada Dourada, um dos locais que antigamente impressionavam os que, nos tempos de Nero - representante do Sol na Terra - visitavam a "Casa da Luz".

 

Esta denominação surgiu por causa de um jogo de luzes e reflexos nos mármores das paredes, além do ouro dos tetos, e que hoje é difícil imaginar, já que a "Domus Aurea" foi enterrada durante a construção das Termas de Trajano.

 

Além disso, os visitantes poderão ver os arqueólogos trabalharem a uma distância de poucos centímetros, pois subirão nos andaimes colocados na abóbada usando capacetes para se protegerem.

 

Além do capacete, por motivos de segurança, as visitas serão de no máximo de 20 pessoas, que, ao chegarem à abóbada, serão divididas em dois grupos de dez, para que possam subir no andaime.

 

Os interessados poderão observar, em algumas das salas e galerias, a grave deterioração que levou ao fechamento da "Domus Aurea", causada pela umidade e pelos vazamentos de água.

 

A arqueóloga Irene Vignatelli, que hoje guiou a visita de um pequeno grupo de jornalistas, explicou que o grau de umidade no inverno dentro da "Domus Aurea" é de 83% a 99%, se tornando o pior inimigo dos muros e das obras de arte que abriga.

 

A especialista especificou os quatro tipos de umidade que atacam as paredes: a cristalização no interior dos muros - que leva à sua ruptura -, a condensação sobre os frescos - que tira seu revestimento -, a formação de líquens - que cobrem as superfícies e escondem as pinturas - e a incrustação de partículas nas pinturas - que destroem as cores.

 

Em outra sala, a do Ninfeu, é possível observar como ficam os afrescos e os muros após o trabalho minucioso dos arqueólogos.

 

Os trabalhos de restauração realizados atualmente nesta parte do edifício custam cerca de ? 5 milhões, sem que uma data para a abertura da Sala Octogonal tenha sido anunciada.

 

No entanto, "as obras na 'Domus Aurea' serão eternas, porque sua manutenção deve ser constante", informou Vignatelli.

 

A "Domus Aurea" foi reaberta parcialmente ao público em 1999, quando era possível visitar 32 de suas 150 salas e, até seu fechamento em 2005, recebia mil de pessoas por dia.

 

Antonio Lafuente