exatamente um ano, o Museu de Arte Brasileira (MAB) da Faap inaugurou a exposição "Retratos", com obras de artistas e técnicas diversas em torno do tema. Coincidentemente, a mostra que a instituição abre hoje, "Novas Aquisições - 1995-2003", apesar de não se dedicar especificamente ao tema, acabou por reforçar algo que pode vir a ser o principal destaque do acervo do MAB, cujas cerca de 70 aquisições recentes são mostradas a partir de hoje.

 

"As obras vieram suprir algumas necessidades do acervo, preencher lacunas e não fazem parte de um núcleo específico. Mas a quantidade de retratos e auto-retratos criou uma facilidade maior de articulação entre os trabalhos", constata Maria Izabel Ribeiro, diretora do MAB-Faap.

 

De fato, os retratos tecem uma relação curiosa entre si ao longo da exposição. Pancetti dedica o retrato de Nilma, sua filha, ao "colega e bom amigo" Takaoka, que, por sua vez, faz retratos de outros e de si mesmo, numa perspectiva peculiar.

 

Tangenciando paixões modernistas, estão lado a lado um retrato de Oswald de Andrade pintado por Tarsila do Amaral em 1923 e um de Pagu, dez anos mais recente, assinado por Candido Portinari. Oswald de Andrade Filho, nos anos 60, pintou um "Orfeu Negro" que também está presente na exposição.

 

Por doação ou aquisição, as obras chegaram ao museu de 1995 até o ano passado, e ainda não tinham sido mostradas como peças do MAB.

 

Apesar de não estarem reunidas sob aspectos curatoriais mais precisos do que a época de aquisição, as obras acabaram por se aglutinar em micronúcleos que fazem breves relatos de passagens da história da arte no Brasil, como o próprio grupo Seibi, do qual Takaoka, Flavio Shiró e Manabu Mabe, entre outros, fizeram parte.

 

O grupo de artistas nipo-brasileiros se reunia com frequência e compartilhava idéias e origens estéticas e sociais com um grupo pouco anterior, o conhecido Santa Helena.

 

Em outra série, as obras de Raphael Galvez, retratos ou paisagens paulistanas doados pelo colecionador Orandi Momesso, que se dedica a difundir a obra do artista, podem remeter a um outro trabalho que Galvez fazia mais por necessidade do que por paixão: as esculturas para túmulos de famílias ricas de São Paulo que estão nos cemitérios tradicionais da cidade.

 

Arte/trabalho

 

A dicotomia arte/trabalho também está representada nas obras dos artistas formados pela Faap e que hoje lecionam na instituição, reunidas num grupo que tem como integrantes, entre outros, Monica Barti, Maria Teresa Louro, Georgia Kyriakakis e Lázaro Ramos, que criou uma "Santa Ceia" com retratos de seus colegas.

 

Uma das vedetes da mostra é "Retrato de Orlando Villas-Bôas" [1914-2002, indigenista], de 1991, pertencente à série "Alturas", em que o paulistano Alex Flemming retrata ao destrinchar em cores as medidas de seus retratados.

 

NOVAS AQUISIÇÕES - 1995-2003

 

Onde:

Museu de Arte Brasileira da Faap (r. Alagoas, 903, Higienópolis, tel. 3662-7198)

 

Quando:

de ter. a sex., das 10h às 21h (entrada até as 20h); sáb. e dom., das 13h às 18h (entrada até as 17h)

 

Quanto:

entrada franca

 

ALEXANDRA MORAES

da Folha de S.Paulo