Contrariando uma tendência das últimas sete bienais de São Paulo, a presença dos artistas brasileiros cresce na 29ª Bienal, chegando a 34% do total, se o número de artistas confirmar os 51 entre 148 convidados.

Na Bienal do Vazio, em 2008, os artistas do país chegaram perto, com 33%, mas a exposição, reduzida por conta da polêmica, configura-se mais exceção do que regra.

Esse "verde-amarelismo" era esperado desde o ano passado, quando Heitor Martins assumiu a presidência da Fundação Bienal e, em entrevista à Folha, defendeu que seria importante uma presença brasileira expressiva na mostra.

O próprio curador, Moacir dos Anjos, também defendeu essa tese por conta da "insipiência e da fragilidade dos mecanismos institucionais para absorção e circulação da produção artística existentes no Brasil", conforme disse à Folha também no ano passado.

Em seu projeto, o curador estabeleceu que a Bienal realizasse uma espécie de revisão histórica das últimas décadas da produção artística a partir dos anos 1970.

Assim, não é de estranhar a grande quantidade de nomes com caráter histórico na mostra, caso de Hélio Oiticica, Lygia Clark, Lygia Pape (1927-2004), Anna Maria Maiolino, Antonio Manuel e Milton Machado, entre outros, todos associados ao neoconcretismo.

A última Bienal com tantos brasileiros foi a 21ª, em 1991, com 79 artistas de um total de 183, ou seja, 43%.

Com curadoria de João Candido Galvão e Jacob Klintowitz, que abandonou o posto no meio do processo, a mostra foi muito criticada pela irregularidade, pois a seleção foi feita através de inscrições.

Já em 1998, Paulo Herkenhoff selecionou um alto número de brasileiros, 71, mas que representaram apenas 26% dos 271 artistas