Um pichador invadiu a instalação "Bandeira Branca", de Nuno Ramos, na Bienal de Artes de São Paulo por volta das 18h20 deste sábado e pichou a estrutura da obra com a frase "Liberte os urubu" (sic). A instalação mantém três urubus vivos em uma tela no vão central do pavilhão de exposições.
A Polícia Militar interveio e deteve o pichador. Ativistas de uma ONG que protestavam desde manhã contra a obra gritavam para que ele fosse solto.
Em reportagem publicada pela Folha na semana passada, pichadores já falam abertamente sobre a possibilidade de ataques deste tipo a obras de outros artistas.
"Se alguém vai pichar ou não, se algum quadro vai ser riscado ou não, isso aí a gente só vai saber no dia. E aí vamos ver mesmo se eles [Bienal] estão prezando mesmo pela pichação", disse um dos entrevistados, o pichador Djan Ivson, que integra o evento como convidado.
O confinamento dos urubus já havia irritado internautas e protetores dos animais. Desde a noite de terça-feira (21) -- quando a Bienal abriu para convidados -- há um abaixo-assinado contra a obra e seu criador. Os três urubus, segundo o artista, vão habitar o pavilhão até o fim da mostra.
Desde as 9h, quando a exposição abriu pela primeira vez ao público, vários ativistas da ONG "Animais da Aldeia" percorriam o prédio da Bienal gritando palavras de ordem como "uh uh uh, liberdade aos urubus" e "Bienal, cadê você? Os urubus vão morrer".
A ativista Cristiane Galvão, 38, dizia que os urubus já estavam há quatro horas sem se mexer. Segundo ela, eles ficam expostos à luz e ao barulho, porque as caixas de som estão viradas em sua direção.
URUBUS
Os urubus da instalação "Bandeira Branca", de Nuno Ramos, vieram do Parque dos Falcões, em Sergipe, para ocupar o vão central do pavilhão da Bienal. Eles são alimentados de carne e frango, uma vez por dia. Sempre no final da tarde, já que, depois de comer, param de voar.
A presença dos animais, motivo de abaixo-assinado na internet que pedia o boicote ao artista, é legal, segundo a Bienal.
A Fundação comunicou que "possui todas as licenças exigidas pelos órgãos de preservação ambiental para o uso desses animais".