Francês foi um dos fundadores do Nouveau Réalisme e autor do Manifesto do Rio Negro. Morreu em Paris, aos 73 anos

 

São Paulo - Morreu ontem em Paris, aos 73 anos, o crítico francês Pierre Restany. Figura sempre presente nos principais eventos de arte contemporânea do mundo, colaborador de diversas revistas e autor de obras como O Livro Branco da Arte Total, Restany teve um papel ativo na produção artística das últimas décadas, não se contentando com o papel de observador passivo. Esteve, ao lado de importantes artistas franceses como Yves Klein, Niki de Saint Phalle e Jean Tinguely, à frente do movimento do Nouveau Réalisme, que na década de 60 se colocou como uma alternativa européia ao avassalador movimento pop americano.

 

Tendo sido criado no Marrocos e com fortes relações profissionais na França, Itália e Irlanda, o crítico também criou vínculos profundos com o Brasil. Ainda em 1961, Mario Pedrosa lhe abriu as portas da Bienal. E, em 1967, quando era o responsável pelo setor de arte e tecnologia do evento, participou do boicote internacional em protesto contra a ditadura militar.

 

Em 1978, ele realiza uma viagem de barco pelo Rio Negro - afluente do Amazonas - na companhia dos amigos Frans Krajcberg e Sepp Baendereck, que acaba rendendo o Manifesto do Naturalismo Integral, também conhecido como Manifesto do Rio Negro, no qual surge a defesa de um naturalismo e um respeito profundo à natureza e ao ser humano. "A grande lição da natureza é a sua total diversidade: uma realidade em constante metamorfose", disse ele na época da divulgação do manifesto.

 

Desde 1963, ele dirigia a revista trimestral Ars. Nos últimos tempos, Restany vivia entre Paris e Milão e presidia o Palais de Tokyo, célebre instituição parisiense voltada para a produção contemporânea que foi reaberta no ano passado.

 

Maria Hirszman