São Paulo - No texto de apresentação da obra densa e enigmática que Carlos Eduardo Uchôa exibe a partir de hoje na Galeria Brito Cimino, a filósofa Marilena Chauí traça uma interessante imagem dessas telas que intrigam o olhar, que revelam e ao mesmo tempo escondem, que não têm nada reconhecível e no entanto nos parecem tão familiares. Segundo ela, estamos diante de "uma meditação sobre a essência da pintura como gesto inaugural que recolhe uma memória mais antiga do que nosso olhar e nossa razão, pois é memória da Natureza se fazendo antes de nós e sem nós, mas que somente as mãos e os olhos do pintor têm o poder extraordinário de nos fazer ver e de nos fazer sentir".

 

Essa idéia de gênese, de mergulho profundo em busca da essência da pintura se faz fortemente presente na obra desse artista há bastante tempo e se confunde com a própria idéia de formação do mundo. Luz e sombra estão em permanente conflito, num equilíbrio instável e sedutor, que acaba por criar pólos de atração e repulsão, tornando-as a cada minuto diferentes do que tínhamos diante dos olhos inicialmente.

 

"Trabalho como um jogo de presença e ausência", afirma ele, concordando que nessa série de trabalhos mais recentes parece ter se permitido uma maior liberdade de criação, ampliando a gama de cores (mas sempre dentro de tons da natureza) e utilizando uma pincelada mais expressiva.

 

Serviço - Carlos Eduardo Uchôa. De terça a sábado, das 11 às 19 horas.

 

Galeria Brito Cimino. Rua Gomes de Carvalho, 842, tel. 3842-0634.

 

Até 6/12. Abertura amanhã (11), às 19 horas

 

 

Maria Hirszman