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Movimento artístico que se caracteriza pela expressão de intensas emoções. As obras não têm preocupação com o padrão de beleza tradicional e exibem enfoque pessimista da vida, marcado por angústia, dor, inadequação do artista diante da realidade e, muitas vezes, necessidade de denunciar problemas sociais.

Iniciado no fim do século XIX por artistas plásticos da Alemanha, alcança seu auge entre 1910 e 1920 e expande-se para a literatura, a música, o teatro e o cinema. Em função da I Guerra Mundial e das limitações impostas pela língua alemã, tem maior expressão entre os povos germânico, eslavo e nórdico. Na França, porém, manifesta-se no fauvismo. Após o fim da guerra, influencia a arte em outras partes do mundo. Muitos artistas estão ligados a grupos políticos de esquerda.

Assim como a Revolução Russa (1917), as teorias psicanalíticas do austríaco Sigmund Freud, a evolução da ciência e a filosofia do alemão Friedrich Nietzsche o expressionismo está inserido no ambiente conturbado que marca a virada do século.

 ARTES PLÁSTICAS – O principal precursor do movimento é o pintor holandês Vincent van Gogh, criador de obras de pinceladas marcadas, cores fortes, traços expressivos, formas contorcidas e dramáticas. Em 1911, numa referência de um crítico à sua obra, o movimento ganha o nome de expressionismo.

As obras propõem uma ruptura com as academias de arte e o impressionismo. É uma forma de "recriar" o mundo em vez de apenas captá-lo ou moldá-lo segundo as leis da arte tradicional. As principais características são distanciamento da pintura acadêmica, ruptura com a ilusão de tridimensionalidade, resgate das artes primitivas e uso arbitrário de cores fortes. Muitas obras possuem textura áspera devido à grande quantidade de tinta nas telas. É comum o retrato de seres humanos solitários e sofredores. Com a intenção de captar estados mentais, vários quadros exibem personagens deformados, como o ser humano desesperado sobre uma ponte que se vê em O Grito, do norueguês Edvard Munch (1863-1944), um dos expoentes do movimento.

 Grupos expressionistas – O expressionismo vive seu auge a partir da fundação de dois grupos alemães: o Die Brücke (A Ponte), em Dresden, que faz sua primeira exposição em 1905 e dura até 1913; e o Der Blaue Reiter (O Cavaleiro Azul), em Munique, ativo de 1911 a 1914. Os artistas do primeiro grupo, como os alemães Ernst Kirchner (1880-1938) e Emil Nolde (1867-1956), são mais agressivos e politizados. Com cores quentes, produzem cenas místicas e paisagens de atmosfera pesada. Os do segundo grupo, entre eles o russo Vassíli Kandínski (1866-1944), o alemão August Macke (1887-1914) e o suíço Paul Klee (1879-1940), voltam-se para a espiritualidade. Influenciados pelo cubismo e futurismo, deixam as formas figurativas e caminham para a abstração.

Na América Latina, o expressionismo é principalmente uma via de protesto político. No México, o destaque são os muralistas, como Diego Rivera (1886-1957).

A última grande manifestação de protesto expressionista é o painel Guernica, do espanhol Pablo Picasso. Retrata o bombardeio da cidade basca de Guernica por aviões alemães durante a Guerra Civil Espanhola. A obra mostra sua visão particular da angústia do ataque, com a sobreposição de figuras, como um cavalo morrendo, uma mulher presa em um edifício em chamas, uma mãe com uma criança morta e uma lâmpada no plano central.

 CINEMA – Os filmes produzidos na Alemanha após a I Guerra Mundial são sombrios e pessimistas, com cenários fantasmagóricos, exagero na interpretação dos atores e nos contrastes de luz e sombra. A realidade é distorcida para expressar conflitos interiores dos personagens. Um exemplo é O Gabinete do Dr. Caligari, de Robert Wiene (1881-1938), que marca o surgimento do expressionismo no cinema alemão em 1919.

Filmes como Nosferatu, de Friedrich Murnau (1889-1931), e Metrópolis, de Fritz Lang (1890-1976), traduzem as angústias e as frustrações do país em plena crise econômica e social. O nazismo, que domina a Alemanha a partir de 1933, acaba com o cinema expressionista. Passam a ser produzidos apenas filmes de propaganda política e de entretenimento.

 LITERATURA – O movimento é marcado por subjetividade do escritor, análise minuciosa do subconsciente dos personagens e metáforas exageradas ou grotescas. Em geral, a linguagem é direta, com frases curtas. O estilo é abstrato, simbólico e associativo.

O irlandês James Joyce, o inglês T.S. Eliot (1888-1965), o tcheco Franz Kafka e o austríaco Georg Trakl (1887-1914) estão entre os principais autores que usam técnicas expressionistas.

 MÚSICA – Intensidade de emoções e distanciamento do padrão estético tradicional marcam o movimento na música. A partir de 1908, o termo é usado para caracterizar a criação do compositor austríaco Arnold Schoenberg (1874-1951), autor do método de composição dodecafônica. Em 1912 compõe Pierrot Lunaire, que rompe definitivamente com o romantismo. Schoenberg inova com uma música em que todos os 12 sons da escala de dó a dó têm igual valor e podem ser dispostos em qualquer ordem a critério do compositor.

 TEATRO – Com tendência para o extremo e o exagero, as peças são combativas na defesa de transformações sociais. O enredo é muitas vezes metafórico, com tramas bem construídas e lógicas. Em cena há atmosfera de sonho e pesadelo e os atores se movimentam como robôs. Foi na peça expressionista R.U.R., do tcheco Karel Capek (1890-1938), que se criou a palavra robô. Muitas vezes gravações de monólogos são ouvidas paralelamente à encenação para mostrar a realidade interna de um personagem.

A primeira peça expressionista é A Estrada de Damasco (1898-1904), do sueco August Strindberg (1849-1912). Entre os principais dramaturgos estão ainda os alemães Georg Kaiser (1878-1945) e Carl Sternheim (1878-1942) e o norte-americano Eugene O'Neill (1888-1953).

 EXPRESSIONISMO NO BRASIL – Nas artes plásticas, os artistas mais importantes são Candido Portinari, que retrata o êxodo do Nordeste, Anita Malfatti, Lasar Segall e o gravurista Osvaldo Goeldi (1895-1961). No teatro, a obra do dramaturgo Nelson Rodrigues tem características expressionistas.