Arte dos séculos XVIII e XIX – A arte brasileira começa de fato com o barroco, que se desenvolve especialmente em Minas Gerais no século XVIII. A arquitetura e a escultura sacra são as principais produções. No começo do século XIX, com a chegada ao país da missão artística francesa, contratada por dom João VI para instituir o ensino oficial de artes no Brasil, tem início o neoclassicismo, movimento que propõe o retorno aos ideais clássicos. No país, a tendência torna-se mais visível na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de Montigny (1776-1850), que adapta a estética neoclássica ao clima tropical. Na pintura, a composição e o desenho seguem os padrões neoclássicos de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles (1832-1903).
De 1850 a 1920 predominam as manifestações artísticas centradas na Academia Imperial de Belas-Artes, fundada em 1826. A academia transmite as principais tendências da arte européia nesse período, como o romantismo, o realismo, o naturalismo e o simbolismo. Traços do naturalismo são incorporados pelos paisagistas do chamado Grupo Grimm, liderado pelo alemão George Grimm (1846-1887), professor da Academia Imperial de Belas-Artes. Entre seus alunos destaca-se Antônio Parreiras (1860-1945). Outro naturalista importante é João Batista da Costa (1865-1926), que tenta captar com objetividade a luz e as cores da paisagem brasileira. O simbolismo marca sua influência em algumas pinturas de Eliseu Visconti (1866-1944) e Lucílio de Albuquerque (1877-1939). Também é muito marcante nas obras de caráter onírico de Alvim Correa (1876-1910) e Helios Seelinger (1878-1965).
Arte Moderna – Somente na década de 20, com o modernismo e a realização da Semana de Arte Moderna de 1922 no Teatro Municipal de São Paulo, o Brasil elimina o descompasso em relação à produção artística internacional. Ao mesmo tempo que é inspirado em diversas estéticas da vanguarda européia do século XX, como impressionismo, expressionismo, fauvismo, cubismo, futurismo, dadá e surrealismo, o movimento defende uma arte vinculada à realidade brasileira. Os artistas conquistam maior liberdade técnica e expressiva, rejeitando a arte do século XIX e as regras das academias de arte. A partir dos anos 30, alguns modernistas começam a valorizar o primitivismo. Após a II Guerra Mundial, o modernismo perde força com a chegada da abstração ao país. As obras abandonam o compromisso de representar a realidade aparente e não reproduzem figuras nem retratam temas. O que importa são as formas e cores da composição. Entre os principais representantes dessa tendência estão Iberê Camargo (1914-1994), Cícero Dias (1908-), Manabu Mabe (1924-1997), Yolanda Mohályi (1909-1978) e Tomie Ohtake (1913-).
Em 1951 é criada a Bienal Internacional de São Paulo, que proporciona à produção brasileira reconhecimento internacional e sintoniza definitivamente o país com a tendência mundial de internacionalização da arte.
Arte Contemporânea – Os marcos iniciais da arte contemporânea no país são o concretismo, o neoconcretismo e a pop art, que, a partir do final da década de 50, despontam no cenário nacional. Em comum, a pop art e o concretismo têm a preocupação de refletir sobre a cultura de massa. A pop art legitima a citação, ou seja, o uso de imagens já produzidas por outros artistas ou pela própria indústria cultural. Os principais nomes são Wesley Duke Lee (1931-), Rubens Gerchman (1942-), autor da serigrafia Lindonéia, a Gioconda do Subúrbio, e Cláudio Tozzi (1944-), de O Bandido da Luz Vermelha.
Com o neoconcretismo, os artistas partem da pintura para as instalações, gênero que mistura pintura, escultura e objetos industrializados em ambientes preparados para estimular a percepção sensorial. A arte conceitual, que utiliza fotos, textos, objetos e vídeos, marca as obras de Cildo Meireles (1948-), Waltércio Caldas (1946-) e Regina Silveira (1939-). Variante do minimalismo, o pós-minimalismo, também chamado de arte povera (arte pobre), influencia vários artistas. As obras são produzidas com materiais naturais, como água e terra, ou pouco industrializados, do tipo barbante e corda.
A partir dos anos 80, muitos se aproximam da transvanguarda, que revaloriza a pintura e a escultura e recupera linguagens e elementos do passado. Destacam-se três artistas, especialmente no início da carreira: Leda Catunda (1961-), José Leonilson (1957-1993) e Daniel Senise (1955-). Eles ganham projeção internacional ao trabalhar com imagens de várias procedências. Leda Catunda, por exemplo, pinta partes de um tecido já estampado. Leonilson combina desenhos inspirados em quadrinhos e figuras que imaginou.
Após uma aparente efervescência no final dos anos 80, o mercado de arte no país volta à crise. No campo da produção percebe-se o amadurecimento da obra de artistas surgidos nos anos 70, como os escultores Cildo Meireles, Ivens Machado (1942-) e Tunga (1952-). Por outro lado, alguns artistas inovam com tecnologias até então não consideradas artísticas, como as fotografias de Rosangela Rennó (1962-) e Mário Cravo Neto (1947-) e a videoarte de Rafael França e Diana Domingues. Esta última mescla tecnologia com elementos da sociedade pré-industrial, aliados a objetos pessoais. Por exemplo, televisões, células fotoelétricas e uma pele de carneiro são colocadas junto de fotos de família.
No final dos anos 80 e início dos 90, muitos artistas adotam a instalação. Destacam-se nomes como Nuno Ramos (1960-) e Jac Leirner (1961-), que ganha projeção internacional dispondo objetos da sociedade de consumo em série. Outros artistas mostram novas possibilidades de explorar linguagens tradicionais, como os pintores Paulo Pasta (1959-) e Beatriz Milhazes (1960-) e os gravadores Laurita Salles e Cláudio Mubarac. Surgem ainda outros talentos, como Paulo Monteiro (1961-), Ernesto Neto e Adriana Varejão.