Vicente do Rêgo Monteiro (1899-1970) é entre os artistas brasileiros aquele que encarna de imediato os ideais da Semana de 22 propostos por Mário de Andrade. Desde 1920 tem linguagem contemporânea e desenvolve pesquisa da temática indígena brasileira.
Sua pintura, utiliza imagens estranhas e que se opõem, emergindo do passado mais remoto ou saltando do presente às culturas primitivas: tradição pernambucana, barroco, arte marajoara e a influência cubitizante da Escola de Paris.
Nascido no Recife, Pernambuco, família de senhores de engenho foi talento precoce em Paris onde o chamavam de jovem Rodin, por volta de 1911.
Foi homem de espírito inventivo e renovador: mecânico, corredor de automóveis, bailarino nos cabarés La Coupole e La Rotonde de Montparnasse. Era excelente cozinheiro e costurava também. É um construtor criador que pinta, um planejador de um mundo muito próprio de raízes arcaicas ao mesmo tempo vanguardista.
Sua grande fase foi entre as décadas de 20 e 30.
Modernista a sua maneira, era seduzido pela renovação, nele se aliava uma cultura muito requintada e um preciso senso das raízes nacionais. Em sua primeira experiência parisiense, frequenta a Academia Julian, tem contato com os artistas do grupo Nabis, ainda se debatendo em indefinições próprias do começo de carreira.
É o momento das grandes assimilações que afloram quando do seu retorno ao Brasil, através de tendências impressionistas e pós-impressionistas - valorizando a intensificação cromática e alguns elementos expressionistas.
E outra interferência desse período é a do Cubismo - em algumas obras que participam da Semana de 22. Já durante seu segundo período em Paris, entre 1921 e 1930 e seu contato com a "École de Paris" decorre a poderosa influência do Cubismo sobre as suas obras, agora mais elaboradas. É difícil separar, neste momento, o fazer do pensar artístico, que formava uma síntese do antigo ao lado do novo de acordo com o "Espírito Novo".
Ele tem uma marca registrada, adquirida no contato íntimo e psíquico com a primitividade. Sua obra se baseia na cultura pré-cabralina, arte religiosa e na exaltaç& atilde;o do movimento dos esportes, próprio da cultura do Art Déco.
Foi um poeta premiado que preferia ser ilustrador e capista de revistas na França a enfrentar o descaso do ambiente brasileiro quanto ao seu trabalho.
Nos cenários da Art Déco onde transitam artistas brasileiros que estão na Escola de Paris ocorre tal evolução da estética de tendência monumental que se não chegam aos muros ou fachadas, mas os efeitos plásticos rompem com os limites da tela.
Mantém, as emoções controladas como elementos que compõem as suas figuras-protótipo, os pés resolvidos segundo a frontalidade, com uma marca muito pessoal - os dedos paralelos e aparados por igual.
Diante das obras de Vicente, fica-se no reino das indagações e do intelecto que também produz esfinges que propõem enigmas, portanto, não se trata apenas de olhá-las, mas de desvendá-las e desenvolvê-las.