ronald d83c01893 - 1935

Nascido no Rio de Janeiro, em 1893, cidade onde realizou os seus estudos, inclusive os de direito, aí também faleceu em 1935, vítima de um desastre de automóvel, ocupando na ocasião o cargo de Secretário da Presidência da República. Estudou também na Europa e, seguindo a carreira diplomática, esteve nos mais altos postos possibilitados pelo Itamarati.

Com Luís de Montalvor, fundou a revista "Orfeu", que adotava como nomes tutelares Camilo Pessanha, Verlaine e Malharmé, de um lado, e de outro, Walt Whitman, Marinetti e Picasso. Participou da Semana de Arte Moderna, tendo declamado no palco do Teatro Municipal, além dos seus versos de Manuel Bandeira e de Ribeiro Couto. O poeta dedicou-se ao ensaísmo, à crítica, aos estudos de história da literatura e dos problemas brasileiros, estéticos e políticos.

Simbolista e parnasiano, nos primeiros livros, e modernista nos subsequentes, deixou em todos a marca da cor, da luminosidade fulgurante, realizando uma poesia gráfica e nítida. Andrade Murici classificou-o como um humanista da boa tradição greco-latina. Espírito da renascença fecundado por um tropicalismo verbal, escreveu ora poemas concisos e diretos, ora peças plenas de fôrça, dinamismo e efusão que desbordavam pelo retórico e pelo grandiloquente.

Assim são os "Epigramas Irônicos e Sentimentais" e "Tôda a América", os livros mais expressivos de sua obra poética moderna. Nesta última obra, de versos amplos, de ritmos libérrimos, e de acentos que remontam a Walt Whitman e Verhaeren, vale-se de um "sincretismo poderoso em que a América surge como um mundo de energias virgens e crepidantes" - na frase de Tristão de Ataíde.

Há, em "Tôda a América" uma "pululação de metáforas e um paroxismo que faz pensar nas pulsações da febre", repara Agripino Grieco. Observe-se, no entanto, que a nota pan-americana de Ronald de Carvalho corresponde a uma transposição ao plano continental do espírito nacionalista da "Poesia Pau Brasil", inventada por Oswald de Andrade, e cujos versos, ao contrário dos do cantor carioca, vinham caracterizados pela síntese e pela secura da linguagem.

Em Ronald havia o predomínio da inteligência sobre a emoção. Sob o signo do cálculo, compôs seus versos. Daí praticar "uma poesia de supercivilizado", como acertadamente registra Vinícius de Morais.