Um dos principais eventos da história da arte no Brasil, a Semana de 22 foi o ponto alto da insatisfação com a cultura vigente, submetida a modelos importados, e a reafirmação de busca de uma arte verdadeiramente brasileira, marcando a emergência do Modernismo Brasileiro.
A partir do começo do século XX era perceptível uma inquietação por parte de artistas e intelectuais em relação ao academicismo que imperava no cenário artístico.
Apesar de vários artistas passarem temporadas em Paris, eles ainda não traziam as informações dos movimentos de vanguarda que efervesciam na Europa. As primeiras exposições expressionistas que passaram pelo Brasil - a de Lasar Segall em 1913 e, um ano depois a de Anita Malfatti - não despertaram atenção; é somente em 1917, com a segunda exposição de Malfatti, ou mais ainda com a crítica que esta recebeu de Monteiro Lobato, que vai ocorrer uma polarização das idéias renovadoras. Através do empresário Paulo Prado e de Di Cavalcanti, o verdadeiro articulador, que imaginou uma semana de escândalos, organiza-se um evento que irá pregar a renovação da arte e a temática nativista.
Desta semana tomam parte pintores, escultores, literatos, arquitetos e intelectuais. Durante três dias - entre 13 e 17 de fevereiro - o Teatro Municipal de São Paulo foi tomado por sessões literárias e musicais no auditório, além da exposição de artes plásticas no saguão, com obras de Anita Malfatti, Di Cavalcanti, Victor Brecheret, Ferrignac, John Graz, Martins Ribeiro, Paim Vieira , Vicente do Rego Monteiro, Yan de Almeida Prado e Zina Aíta ( pintura e desenho ), Hildegardo Leão Velloso e Wilhem Haarberg ( escultura ). As manifestações causaram impacto e foram muito mal recebidas pela platéia formada pela elite paulista, o que na verdade contribuiria para abrir o debate e a difusão das novas idéias em âmbito nacional.