A pintura, quem diria, volta a ser o destaque da próxima Bienal Internacional de São Paulo, prevista para ser inaugurada no dia 25 de setembro de 2004. Alfons Hug, o curador da mostra, espera que 20% das obras expostas no evento sejam da mais tradicional expressão artística.

 

 

"Quero fortalecer a presença da pintura, que tem certo auge na Europa", diz Hug. O curador enviou uma carta a todos os países convidados para participar das representações nacionais propondo maior presença de pinturas e menos vídeos. Será o segundo "retorno à pintura" da Bienal, já que em 1985, sob a curadoria de Sheila Leirner, acompanhando o boom neo-expressionista alemão, tal vertente foi o destaque.

 

"Território Livre" é o tema da Bienal, uma mostra econômica, perto das edições anteriores. Primeiro porque o curador, contrariamente à tendência internacional de divisão nas curadorias, consolidada em Kassel, no ano passado, e Veneza, neste ano, assume a tarefa sozinho de escolher todos os artistas da mostra temática. "Tenho mais de dois anos para organizar esta Bienal, o que já é novo. Além do mais, uma curadoria coletiva não é garantia de qualidade. Mas, sem dúvida, trabalhamos para organizar uma Bienal econômica", afirma Hug, que não diz o valor do orçamento da exposição.

 

Em segundo lugar, a mostra terá menos artistas do que as edições anteriores: 85 na mostra temática, cerca de 60 nas representações nacionais, totalizando 165, 35 a menos que na 25ª Bienal. O Brasil terá 15 artistas na mostra principal (foram 30 na passada) e, uma novidade, voltará a ter um representante nacional. "Estou escolhendo um curador para selecionar o artista brasileiro", diz Hug.

 

Outra novidade: as salas especiais, que substituíram os núcleos históricos, também estarão incluídas na mostra principal e, outro reflexo da economia da mostra, não trarão artistas que demandam seguros "caros". Dos dez, seis já estão definidos: o pintor belga Luc Tuymans, o pintor chileno Eugenio Dittborn, os chineses Cai Guo Chang e Huang Yong Ping, o fotógrafo alemão Thomas Struth e o brasileiro Artur Barrio.

 

Para escolher os 15 brasileiros da mostra principal, Hug criou uma equação: cinco são paulistas, cinco cariocas e cinco do resto do país. "Creio que dessa forma é possível mostrar de forma representativa a produção nacional", afirma. Os já escolhidos: por São Paulo, Boi, Caio Reisewitz, Paulo Climachauska, Laura Vinci e Fabiano Marques; pelo Rio, Lívia Flores e Cabelo; pelo Recife, Paulo Brusky.

 

FABIO CYPRIANO

da Folha de S.Paulo