O contrato para a construção de uma filial carioca do Museu Guggenheim foi assinado nesta quarta-feira em Nova York pelo prefeito do Rio, Cesar Maia, e o diretor da Fundação Guggenheim, Thomas Krens. A abertura do Guggenheim no Rio é motivo de polêmica na cidade. Há quem o veja como proposta oportunista de um museu americano em dificuldades financeiras e os que defendem o novo museu como mola mestra para a revitalização do centro histórico carioca.
O custo do projeto tem divergências. Segundo o prefeito carioca, o Guggneheim ficará em torno de US$ 130 milhões. Mas a previsão de Thomas Krens é bem maior: entre US$ 200 e US$ 250 milhões. O que há de certeza é que a conta será paga pelo cofre do município. Cesar Maia disse que as licitações para as obras devem ocorrer até o fim de junho. Se começarem no segundo semestre deste ano, como prevê o prefeito, as obras do Guggenheim podem terminar em 2006.
Cesar Maia explicou a diferença de previsões de custo da obra deve-se "à tropicalização dos custos". Segundo ele, mão-de-obra e materiais de construção são mais baratos no Brasil do que nos EUA. A Fundação Guggenheim teria baseado seus cálculos nos custos de construção do Guggenheim Bilbao, na Espanha. O Diário Oficial do Rio publicou o contrato com a estimativa de custos em US$ 133,6 milhões.
Custos adicionais
O valor, no entanto, não inclui os cerca de US$ 29 milhões que vão ser pagos à Fundação Giggenheim, por um contrato de 25 anos, pela utilização de acervos, assessoria e licença de uso da sua marca. Haverá ainda o pagamento de US$ 4 milhões a uma equipe escolhida pela fundação para supervisionar a construção do edifício, valor que será pago em cinco anos.
Também não entrou na estimativa do custo da obra outro contrato assinado ontem, com o Architectures Jean Nouvel, o escritório do arquiteto responsável pelo projeto, que é de US$ 12 milhões. A prefeitura já pagou US$ 2 milhões pelo estudo de viabilidade do museu. Somando esses itens, o Guggenheim brasileiro vai custar à prefeitura do Rio perto do que prevê Thomas Krens.
Para reafirmar ao parceiro americano o compromisso de construir o museu, Cesar Maia anunciou que vai antecipar as etapas de pagamento do contrato com a fundação, prometendo depositar na sexta-feira uma parcela de US$ 9,5 milhões. O prefeito surpreendeu diretores da Fundação Guggenheim e representantes da imprensa americana que acompanharam a assinatura do contrato afirmando que a Prefeitura tinha, na terça-feira, US$1 bilhão em caixa - só para investimentos. Se o prédio do museu e outros projetos estivessem prontos amanhã, a Prefeitura teria os recursos em caixa para pagá-los a vista, segundo o prefeito.
O projeto do museu foi apresentado pelo arquiteto Jean Nouvel. Com área interna de aproximadamente 80 mil metros quadrados, o edifício a ser erguido no Píer Mauá terá cerca de 24 mil metros quadrados de espaço para exposições. O projeto inclui ainda um teatro, um "cubo branco" para exposições, equipamentos para a produção de multimídias, equipamentos para programação cultural, biblioteca, midiateca, um café, um restaurante, uma loja comercial e espaços externos para exibições e eventos, além de um grande jardim. Como a lei brasileira não permite que profissionais estrangeiros assinem projetos no País, o Architectures Jean Nouvel vai abrir um escritório no Rio, em sociedade com a firma de arquitetura Engineering.