Por Adam Tanner
SAN FRANCISCO (Reuters) - Um tribunal de apelações dos EUA decidiu na sexta-feira que a atriz Elizabeth Taylor poderá ficar com uma tela de Van Gogh, que pode ter sido roubada por nazistas, porque a família que era sua proprietária no passado demorou demais a pedir sua devolução.
"Isso afirma minha grande crença no processo judicial norte-americano. Estou muito grata", disse Taylor em um comunicado. "É magnífico ter o Monsieur Vicente Van Gogh na minha sala de estar."
Liz Taylor, 75 anos, comprou o quadro de 1889 "Vista do Asilo e Capela de Saint-Remy" num leilão da Sotheby's em Londres, em 1963, por 92 mil libras --mais ou menos 257 mil dólares na época. A tela fica em sua residência na região de Los Angeles.
Pintada por Van Gogh no final de sua vida, o quadro vale muitas vezes mais hoje no mercado de arte extremamente valorizado.
A família Orkin, composta de descendentes canadenses e sul-africanos de Margarete Mauthner, uma judia que fugiu da Alemanha em 1939, moveu uma ação contra Taylor em 2004, afirmando que a tela foi confiscada pelos nazistas e deveria ser devolvida sob os dispositivos da Lei de Ressarcimento das Vítimas do Holocausto, promulgada nos EUA em 1998.
Elizabeth Taylor disse que ela é a proprietária de direito do quadro e afirmou que, antes de ser comprada por ela, a pintura passara por dois marchands judeus, sem qualquer sinal de coerção nazista.
"Temos prova de que o quadro foi vendido no final dos anos 1920", disse após a decisão Jonathan Bloom, um advogado de Taylor.
Em sua decisão, o painel de três juízes da 9a Corte Distrital de Apelações dos EUA confirmou a decisão de um tribunal de nível inferior, decidindo que a família Orkin esperou tempo demais para reivindicar a devolução do quadro, que se sabia estar na posse de Taylor há muito tempo.
"Fica claro que a aquisição do quadro por Taylor poderia ter sido descoberta pelo menos desde 1990, quando ela o ofereceu num leilão internacional, e provavelmente desde 1963, quando ela o adquiriu num leilão internacional altamente divulgado", escreveu o juiz Sidney Thomas.
De acordo com o juiz, qualquer reivindicação de devolução da tela "perdeu valor em ou antes de 1993, três anos após o último anúncio público de que ele pertencia a Elizabeth Taylor."
Estrela de filmes como "Gata em Teto de Zinco Quente", "Cleópatra" e "Assim Caminha a Humanidade", Elizabeth Taylor começou a colecionar obras de arte na década de 1950, com a ajuda de seu pai, que era marchand, e já foi dona de obras de Monet, Renoir, Degas e outros mestres.