Por Andrew Marshall

 

BAGDÁ (Reuters) - Quase todos os itens valiosos roubados do Museu de Bagdá durante saques foram encontrados a salvo em uma caverna secreta, afirmou a administração liderada pelos Estados Unidos no Iraque neste sábado.

 

Uma equipe especial de investigadores americanos que trabalha no museu para checar a extensão dos saques concluiu que cerca de 3.000 itens ainda estão desaparecidos ou foram roubados, comparado a estimativas iniciais de cerca de 170 mil peças perdidas. A maior parte dos objetos desaparecidos era usada para pesquisa e não exibição.

 

"No começo desta semana, 179 caixas contendo a maioria da coleção para exibição do museu foi encontrada em segurança em uma galeria secreta", afirmou a administração em um comunicado. "A descoberta dessas caixas, contendo perto de 8.000 dos mais importantes itens da coleção do museu, significa que o trabalho da equipe de investigação está chegando ao fim."

 

A falha das forças norte-americanas em prevenir que o Museu de Bagdá fosse saqueado gerou protestos pelo mundo todo em abril. O Exército americano afirmou que seus homens estavam, no início, muito ocupados lutando nas ruas em volta do museu para que pudessem evitar os saques.

 

Alguns dos itens que estavam desaparecidos haviam sido levados para casa por funcionários, para mantê-los em segurança, enquanto outros foram encontrados escondidos em outros lugares, inclusive na caverna. Os funcionários do museu, inicialmente, se recusaram a revelar a localização da caverna até que os soldados americanos deixassem o Iraque, mas depois voltaram atrás.

 

O TESOURO DE NIMRUD

 

Outra peça inestimável, a coleção de jóias conhecida como o Tesouro de Nimrud, foi encontrada em uma galeria inundada do Banco Central, na quinta-feira. Os artefatos de Nimrud, centenas de peças de ouro incrustadas com gemas do antigo reino da Assíria, foram recuperadas pelos investigadores americanos depois que as galerias do banco saqueado foram drenadas.

 

O tesouro, descoberto entre 1988 e 1990 em antigas tumbas reais, nos subterrâneos de um antigo palácio assírio datado do século 9 a.c., era dado como perdido. Mas os investigadores sabiam que ele tinha sido colocado em um cofre de um banco na década de 90, possivelmente para protegê-lo durante a Guerra do Golfo, em 1991.

 

Os agentes americanos que ajudaram na descoberta do tesouro afirmaram que, quando entraram pela primeira vez nas galerias, encontraram os corpos dos saqueadores mortos em tiroteios com gangues rivais. Mas os selos nas caixas do tesouro estavam intactos.

 

Segundo a administração americana, o tesouro parece estar em boas condições. Uma equipe de peritos do Museu Britânico deverá chegar em breve para cuidar da conservação das peças.

 

Os agentes não sabem dizer como as galerias foram inundadas, mas suspeitam que os iraquianos deliberadamente tenham jogado água para deter os saqueadores. Apesar das descobertas, a administração liderada pelos EUA afirmou que 47 itens da exibição principal --as peças mais valiosas do museu-- ainda não foram encontradas.