O que vou dizer pode ser muito óbvio se você está dentro da esfera dos negócios do mundo da arte, mas se você não está, preste atenção: muito do que se escreve sobre o mercado de arte é lixo. A intenção não é necessariamente essa, mas o esquema está construído de forma que é inevitável que isso aconteça. No mundo do comércio de arte, notório por ser cheio de segredos, aquele que tem a informação certa na hora certa e está disposto a usá-la geralmente volta para casa mais rico (oi Larry ). Consequentemente, é do interesse de todos falar para os outros apenas que "tudo está às mil maravilhas".
Portanto, quase todo galerista que pode contrata uma empresa de relações publicas. Grandes casas de leilão inclusive têm equipes completas internas de relações públicas .
A quantidade de repórteres do mercado de rate full-time, analistas, cínicos, que publicam informações livremente podem ser contados com duas mãos - muito menos do que as pessoas que dão informações fidedignas. Todos, presumidamente, tentam escrever a história inteira, mas no final do dia, o que se consegue escrever é distorcido, porque existem prazos e os dados mais acessíveis são aqueles que contam a história que os articuladores poderosos desse jogo querem que você escute. Portanto, enquanto observador casual, se você realmente quer saber o que está acontecendo no mercado de arte, tem que ler as entrelinhas. Aqui estão cinco dicas de como fazer isso, que considero um serviço público:
Não acredite nas manchetes
Sente-se para ouvir #conversadeverdade: As manchetes não falam muito do mercado de fato. Os indicadores fidedignos de como o mercado anda estão alguns parágrafos para baixo, depois dos primeiro três, sempre sobre o lote mais caro e o frisson do leilão.
Manter-se atualizado é algo que exige atenção aos detalhes, não frisson. Se você realmente quer saber como está o mercado, preste atenção nos 50% médios da venda. Esse tipo de pesquisa é, obviamente, trabalho duro e nada emocionante. Mas é importante. Em tempos volúveis, mesmo dentro de uma venda noturna blockbuster - o crème de la crème de leilões de arte - existem camadas e camadas de trabalho. De 2-5 lotes do topo vão vender independentemente da situação do mercado (se não venderem é um grande problema). São obras-primas, e sempre haverá algumas pessoas muito ricas procurando uma obra-prima. O resultado oposto é esperado para 10-20% dos piores lotes - até grandes casas de leilão sabem que não vender tudo.
Mas como se saíram os trabalhos médios? Se muitos deles foram comprados ou vendidos abaixo das estimativas, o mercado anda ameno. É por isso que, não obstante todo o fuzuê sobre a venda de $120 milhões (pouco mais de R$ 240 milhões) de O Grito, de Edvard Munch na Sotheby's no ano passado, a companhia sofreu uma queda de 8% na receita anual de 2012 comparada com 2011.
Procure os problemas
Isso é um pouco relacionado com o que descrevi acima, mas um pouco mais específico. Encontrar informação sobre o que não vendeu é difícil, mas é importante se você quer ter um panorama sério. Como mencionei anteriormente, casas de leilão têm times internos de relações públicas muito grandes, para justamente controlar sua imagem. São boas pessoas - uma vez eu fiz alguém passar uma hora me explicando, de maneira convincente, os detalhes do mercado de joias depois que falei mal do fato da categoria ser eclética demais e além de tudo entediante - mas contratadas especificamente para fazer com que acreditem que sua casa é a melhor, porque é isso que atrai mais dinheiro.
Por isso, as informações mais acessíveis sobre leilões (e feiras de arte também, aliás) é o que está quente. Mas e o que não está? Problemas, preços em queda, e trabalhos que não foram vendidos são tão importantes para o mercado quanto as coisas sobre as quais se ouve - e se você pretende fazer parte do mercado, você deveria estar ciente do bom e do ruim. Nem todo artista que chega num leilão é o próximo Andy Warhol ou Jean-Michel Basquiat.
Não leve tudo muito à sério
O mercado de arte é relatado como se fosse um esporte. As coisas estão em alta ou em baixa. É incrível ou terrível, essa pessoa está vendendo por tanto e tal pessoa conseguiu um recorde ou tanto dinheiro. Isso é em grande parte porque tais narrativas fazem com que as notícias do mercado de arte continuem emocionantes e legíveis. Se eu escrever sobre todas as vendas como "bah" - como são a maioria - vou perder meu emprego. Então a mídia encontra eventos superlativos para ter assunto. A realidade é muito mais complexa.
Desconfie de todos os relatórios do mercado de arte
Como o termo "arte enquanto investimento" se tornou corrente, houve um aumento considerável no número de relatórios divulgados por bancos privados, consultores de arte, empresas de administração financeira, etc, com o intuito de explicar tendências do mercado, que em troca lhe convenceriam a pagá-los para te ajudar a investir no mercado de arte, ou fazer um empréstimo de arte, ou algo do gênero. Às vezes há alguma verdade nos relatórios, mas geralmente são uma pesquisa feita de qualquer jeito remendada com algum questionário de 5 perguntas feitas a 100 pessoas em Luxemburgo. Antes de sair correndo e contar para todos os seus amigos que todas as pessoas inteligentes estão investindo 25% de seu espólio em carros de luxo, procure saber que escreveu o relatório e o que eles ganham com o fato de que você acredite no que dizem. Além disso, qualquer pesquisador do mercado de arte que vale a pena vai te dizer que dados verdadeiros são difíceis de encontrar e as conclusões são na melhor das hipóteses tênues.
Leia relatórios de feiras de arte com desconfiança
"Fiz ótimos contatos" é o código de galeristas para "não estou ganhando dinheir0". Feiras de arte são feitas para conhecer gente da mesma maneira que tomar um refrigerante gelado no calor é feito pra segurar a lata na mão. É um ótimo benefício, mas não é o objetivo. Ninguém fala nada negativo sobre uma feira de arte a menos que tenha sido muito ruim. Galeristas que estão na faixa de vendas monstruosas provavelmente falariam algo positivo sobre o cachorrinho de colo de alguma colecionadora que fez suas necessidades no tapete ("Adorável!" ou "Isso certamente vai chamar atenção!"). Então pegue tudo que foi dito numa feira de arte e retire três camadas de otimismo. Isso é o que de fato as pessoas estão achando.
Não escute o que estou falando
Como menção honrosa, perceba que a mídia existe para entreter e informar. Se você está procurando conselhos profissionais, é melhor abrir a carteira e ligar para um consultor de arte.
Crédito:
Publicado: 26 Abril 2013 - por Shane Ferro
blog: http://br.blouinartinfo.com